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  • A função desempenhada pelo Facebook em incidentes anti-refugiados destacada em pesquisa surpreendente.

    A função desempenhada pelo Facebook em incidentes anti-refugiados destacada em pesquisa surpreendente.

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    As bolhas presentes no Facebook representam um perigo.

    De acordo com uma nova pesquisa preocupante da Universidade de Warwick, os preconceitos raciais não apenas existem de maneira abstrata e imensurável, mas de fato contribuem para aumentar a incidência de violência racial nas comunidades.

    O New York Times publicou um extenso artigo que descreve a investigação realizada em Altena, na Alemanha, onde um indivíduo tentou incendiar uma casa de refugiados depois de trocar mensagens racistas com amigos no Facebook. Assim como diversas outras cidades europeias, essa comunidade acolhe refugiados que estão fugindo da violência em nações como Síria e Afeganistão.

    Apesar do escândalo envolvendo a Analytica de Cambridge, um estudo surpreendente foi realizado. Ele analisou todos os incidentes de ataques a refugiados na Alemanha durante um período de dois anos (3.335) e levou em conta variáveis como status financeiro, opiniões políticas e a incidência de crimes de ódio tanto por parte dos refugiados quanto contra eles.

    Em todas as cidades analisadas, os pesquisadores observaram que um aumento no uso do Facebook estava associado a um aumento significativo nos ataques contra refugiados. Mais especificamente, em locais onde o uso per capita do Facebook era significativamente maior que a média nacional, houve um aumento de 50% nos ataques contra refugiados.

    Os especialistas afirmam que o Facebook influenciou diretamente a violência contra os refugiados. Em resumo, a presença de conteúdo anti-refugiados na plataforma aumentou a probabilidade de indivíduos cometerem atos violentos contra os refugiados, em vez de ser simplesmente uma coincidência causada por outros fatores, como a predominância das redes sociais em regiões com maior número de refugiados.

    De acordo com o Times, os especialistas externos ao estudo consideraram os resultados como “confiáveis” e “baseados em uma metodologia sólida”.

    O impacto foi associado exclusivamente ao Facebook, não à internet como um todo. Durante períodos de interrupção na conexão ou eventos que desviam a atenção, como grandes competições de futebol, os ataques contra os refugiados diminuíram significativamente.

    O Facebook optou por não fazer declarações ao Times a respeito do estudo, porém afirmou que sua política em relação ao conteúdo permitido na plataforma tem evoluído ao longo do tempo e está em constante mudança à medida que recebe orientações de especialistas no assunto.

    Os pesquisadores apontam que, embora a mídia social não seja a causa direta de crimes contra refugiados, existem diversos fatores que podem impulsionar esses atos, como diferenças ideológicas locais ou a presença destacada de imigrantes.

    Por meio do Facebook, são formados grupos isolados nos quais um reduzido número de indivíduos que expressam ódio pode dar a impressão de que a maioria das pessoas está indignada com os imigrantes, mesmo em locais onde a maioria da população está demonstrando apoio aos refugiados. Essa situação pode levar as pessoas a cometer atos violentos.

    De acordo com o Times, o Facebook nos separa de vozes moderadoras e figuras de autoridade, nos envolve em grupos com ideias semelhantes e, por meio de seu algoritmo, destaca o conteúdo que desperta nossas emoções fundamentais.

    Neste ambiente virtual, os indivíduos são expostos continuamente a conteúdo racista, o que pode reforçar sua xenofobia por meio de curtidas e comentários de apoio. Com o tempo, podem começar a acreditar que é correto agir contra imigrantes, mesmo que isso cause constrangimento em seu círculo social offline.

    Este estudo recente, mencionado pela revista Pacific Standard, segue uma pesquisa da Universidade de Wisconsin-Madison e revelou que os usuários do Facebook têm menor conhecimento sobre questões políticas em comparação com aqueles que não utilizam a rede social.

    A possível explicação para isso é que os usuários do Facebook tendem a não se envolver muito com conteúdo político, o que pode desestimulá-los a procurar notícias em outros lugares ou a se interessar por notícias em geral.

    A falta de conhecimento político e o preconceito contra estrangeiros já eram presentes antes do surgimento do Facebook, porém, está se tornando mais desafiador negar que a plataforma não está agravando a situação.

    Assuntos abordados na rede social Facebook.

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    Keith Wagstaff é um editor assistente no Mashable, com experiência em escrita para várias publicações conhecidas e menos conhecidas. Apesar de ter passado quase uma década em Nova York, ele agora reside em Los Angeles, sua cidade natal. Além disso, é conhecido por ser um jogador ruim de Settlers of Catan.